quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O dia que a roda levou vantagem

A noite vira dia com Fernando Baumann e Zoanir Cunha pedalando rumo a cumprir a meta de percorrer os 1100 quilômetros que separam o Rio de Janeiro de Balneário Camboriú em 96 horas, no chamado Desafio Entre Cristos. Até o momento, a dupla já ultrapassa 600 quilômetros. Ao mesmo tempo, a cada estrada os dois ciclistas aparentam mais vitalidade, apesar das poucas horas de sono e do esforço sobre-humano. A explicação para tamanha disposição pode encontrar respaldo na religiosidade que cada um manifesta do seu jeito. Ela está presente até mesmo no silêncio, nas horas que os ciclistas dedicam para si.

A força que nos move é espiritual”, pontua Fernando. Depois de pedalar mais de 600 quilômetros, enfrentar chuva, sol e até mesmo o frio ( fez 13 graus nessa madrugada), tanto Fernando como Zoanir entendem que o corpo já superou todos os limites, tanto físico como mental.

A noite pegou Zoanir e Fernando pedalando rumo a Cubatão/Santos, em meio ao ronco de caminhões que passam o tempo todo neste trecho. Em alguns momentos a neblina conferia um ar fantasmagórico à estrada, especialmente nas regiões desabitadas. Em Cubatão, a fumaça das chaminés das indústrias chamou a atenção de Zoanir. A cena, pouco comum para os lados de Balneário Camboriú, cobre de poluição o céu da cidade paulista.

Às margens da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, uma parada para tomar um café em Praia Grande. A volta à estrada chega com um incidente.  O raio do aro traseiro da bicicleta de Fernando dá o último suspiro. Com o barulho, Fernando olha para baixo, reduz a frequência das pedaladas e é atropela. Zoanir. Por pouco, os dois não vão para o chão. Só deu tempo de Fernando esbravejar e colocar os dois pés no chão.

Com a roda travada, foi a vez de Luiz entrar em ação. Em Peruíbe, retirou a roda, partindo em busca de uma loja para fazer o conserto. Mais de uma hora depois e de passar por várias oficinas de bicicleta, Luiz estava de volta. Pneu no lugar, novamente a estrada pela frente. No carro de apoio há material de substituição, mas Fernando entendeu que como estava dentro de uma cidade, poderia reservar os pneus disponíveis para um eventualidade mais grave, que, tomara, não aconteça. Enquanto isso, o céu nublado e abafado exige muito dos ciclistas. À tarde, furou o pneu dianteiro a bicicleta de Fernando. No ranking da dupla, agora tá 2 a 1 para o Zoanir no número de pneus furados.


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